Sensações


quarta-feira, 2 de março de 2011

Rosas e água doce.

(...)

Hoje acordei com vontade de sair à rua e beber da água da chuva. Quero andar descalça por campos lamacentos e ouvir o estalar das folhas de Outono. Quero sentir o cheiro a terra molhada e dançar. Quero ser criança. Quero lançar-me entre o vento. Quero sentir borboletas na barriga. Quero… Quero… Quero.

Como conciliar um corpo extinto com a irrevogável necessidade de me sentir liberta?

Morte. Acto de morrer. Cessação da vida. Destruição. Causa de ruína. Termo. Fim. Suicídio? Há quem o entenda como um acto de coragem, há quem o veja como um fracasso. Eu vejo-o apenas como uma opção. Uma escolha entre ser um esqueleto nu envolto em mortalha ou um renascimento imaterializado.

Olho-me pela última vez ao espelho e sorrio como nunca. «É hoje, irmã. O meu cérebro comanda e o meu corpo já palpita. As minhas entranhas debatem-se por um pouco de ar e os meus pulmões entram em erupção».Estou em vertigens!

Pausa.

«Hey! Estou a chegar. Pé ante pé, mergulhada em rosas e água doce».

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Utopia.

Acho que me viciei nisto, nesta vontade de fazer acontecer, de criar, de ver a realidade desdobrar-se em novas possibilidades. Não me consigo imaginar apartada desta minha vontade e não me consigo imaginar a fazer qualquer outra coisa senão a concretizar esta mesma vontade.

Disto, ainda que de mais nada, eu tenho certeza.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Irmã.

"És sol a bater na minha janela."

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Soletrando.

Ininterrupta vontade de escrever...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Corpo Gelado.

(...)

Adormecida sobre a terra salgada de lágrimas ali fiquei, eternamente, com o ecoar das palavras desejadas ao ouvido e o aroma daquele corpo entranhado na minha pele. Assim, por debaixo do crepitar do sol, cumpri o prometido deixando-me transformar na mesma matéria orgânica que a envolvida nas minhas mãos.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pêndulo

[A noite descobre-se demasiado quente e incapaz de ser galanteada por duas pequenas silhuetas que anseiam o aconchego de um copo de leite bem gelado. O efémero espaço de eleição encontra-se sereno e apenas dedilhado por uma leve brisa que, irregularmente, se pavoneia.]

- Hey! Faz pouco barulho. Ouves?
Passos…

- Shiu!
[Almofada na cabeça]

- Faz pouco barulho, já te disse!
Pa-pa-pa-passos e-e-e mais passos. Tenho medo! Não ouves?!

[De joelhos sobre o chão, agarram-se e ficam à espreita. Está escuro. Os olhos começam a tentar focar. A garganta está entreaberta. Os passos continuam. O volume aumenta. As pequenas continuam com medo.]


- Quem vem lá? Quem é?!


[Agarram-se com mais força para não se desmancharem.]


- ALI! Está alguém a olhar para nós. Tenho a certeza.

- Hum… Por sinal, alguém deveras estranho. Assustadoramente alto e esguio, apenas sedimentado por porções de tecido. Braços exageradamente distantes do corpo contrariamente aos seus pés.

- O que é?

- Não sei.

- Que fazemos? Saímos daqui? Vamos para dentro do cobertor?! Gritamos?! Fugimos?!

- Apetece esconder-me e respirar bem baixinho para que nem isso se ouça.
Vamos para dentro do cobertor. Devagar. Vá!

- Mas não te esqueças de tapar as orelhas. Do teu lado agarra-o bem que eu faço o mesmo do meu e dás-me a tua outra mão. Assim, se alguém nos quiser destapar, já sabemos, gritamos logo.

[Desta forma engendraram o seu plano. Deitaram-se e adormeceram bem aninhadas uma na outra. De manhã acordaram. O cheiro do sol abraçou-as e elas sorriram. E o brilho do sol vestiu-as de alegria e elas sorriram. A noite passada havia sido um pesadelo, quase, mas tinha passado. Estava tudo bem. Ambas contemplaram o belo dia que lhes presentearam. Um beijinho no nariz pela manhã e está tudo certo. Tudo bate certo]

Vaga-Lume

Faz hoje "uma semana" que recebi uma luzinha de presença. Uma luzinha diferente. Diferente daquelas que estamos a habituados a ver sobre as prateleiras das grandes superfícies comerciais e que são capazes de formar uma estrada de corredores apenas com feixes de luz. Todavia, com a mesma função: luzinha de presença que existe no quarto das crianças para que no mundo delas nada lhes faça mal.

Sinto que estou segura.